Em encontro com Macron e Lula em Belém, cacique Raoni pede veto à proposta da Ferrogrão

  • 26/03/2024
(Foto: Reprodução)
Raoni fez o pedido a Lula ao receber, do presidente Macron, a maior honraria da França. Ferrogrão prevê a construção de uma linha férrea do Mato Grosso ao Pará. Indígenas criticam o projeto. Macron na Amazônia: Raoni é condecorado pelo presidente francês em Belém EBC/Reprodução A liderança indígena Raoni Metuktire recebeu do presidente da França, Emmanuel Macron, a Legião da Honra, a mais alta honraria do país francês. A cerimônia ocorreu nesta terça-feira (26), na ilha do Combu, região ribeirinha de Belém. Diante do presidente Lula, Raoni aproveitou a ocasião para pedir o veto ao projeto da Ferrogrão. ✅ Siga o canal do g1 Pará e receba as notícias direto no WhatsApp “Peço que Lula não aprove a Ferrogrão. Eu sempre fui contra esse trabalho de destruir floresta, de mineração, de exploração. Se o trabalho de destruir continuar, devemos ter problemas sérios. Para todos nós”, declarou. Veja no vídeo abaixo a íntegra do discurso do cacique Raoni: Macron na Amazônia: Veja discurso de Raoni em encontro com Lula e presidente francês O projeto da Ferrogrão prevê a construção de uma linha férrea que começa em Sinop, no Mato Grosso, maior produtor de grãos do país, e termina no porto de Miritituba, em Itaituba, no Pará. A obra é questionada por especialistas em meio ambiente e sociedade, e deve passar por terras indígenas e comunidades ribeirinhas do norte e centro-oeste do Brasil. São mais de 900 quilômetros de extensão. O valor estimado do investimento é de R$ 12 bilhões. Macron na Amazônia: Lula e presidente francês firmam acordos em Belém e se encontram com lideranças indígenas EBC/Reprodução Em sua fala, o líder indígena, reconhecido internacionalmente pela luta que articula pelos povos originários, pediu aos presidentes Lula e Macron para que apoiem a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), para que o órgão consiga proteger os povos indígenas. “O nosso futuro depende de nós”, disse Raoni. “Considero Lula como irmão. Considero Macron como filho”. Lula e Macron fazem reunião bilateral com agenda centrada em preservação ambiental e questões climáticas Ferrogrão: entenda a polêmica por trás da ferrovia que quer ligar o PA ao MT e que está em pauta no STF A Ordem Nacional da Legião de Honra (Ordre National de la Légion d'Honneur, em francês) foi instituída em 20 de maio de 1802 por Napoleão Bonaparte para recompensar os méritos eminentes militares ou civis daquela nação. A cerimônia integrou a agenda oficial de Emmanuel Macron em sua primeira visita à América Latina. Ao lado do presidente Lula, Macron participou em Belém de uma reunião bilateral sobre meio ambiente e mudanças climáticas, que ocorreu dentro da embarcação rumo à ilha do Combu. Lula e Macron se reúnem em Belém. Encontro é preparatório para a Conferência do Clima da ONU de 2025 Ricardo Stuckert/PR O governo francês destacou que a França quer ser "um parceiro de referência" na preparação do Brasil para a COP, prevista para novembro de 2025. A agenda foi centrada na preservação ambiental e na questão climática, no desenvolvimento econômico local, na promoção do comércio e da integração das áreas fronteiriças e nas comunidades indígenas. Segundo a embaixada da França no Brasil, a visita dará aos dois líderes a oportunidade de compartilhar pontos de vista sobre alguns desafios globais, como: questões de proteção da biodiversidade, transição ecológica e descarbonização das economias. Após a visita a Belém, Macron e Lula seguiram para o Rio de Janeiro. Projeto Ferrovia Ferrogrão EF-170 Arte G1 O que é o Ferrogrão? O projeto da Ferrogrão prevê a construção de uma linha férrea que começa em Sinop, no Mato Grosso, maior produtor de grãos do país, e termina no porto de Miritituba, em Itaituba, no Pará. São mais de 900 quilômetros de extensão. O valor estimado do investimento é de R$ 12 bilhões. Os recursos serão injetados pela iniciativa privada e o prazo de concessão é de 69 anos. Para ambientalistas, a Ferrogrão vai criar pressão para desmatamento e ocupação de produtores de soja perto da ferrovia porque essa proximidade cortará custos de frete. O objetivo não declarado da ferrovia é a expansão da área plantada no seu entorno. Ferrovia estimula grilagem e conflitos por terra. A ferrovia seria uma alternativa à rodovia BR-163 conhecida como rota da soja, do milho e do algodão, construída na década de 1970 para ligar os dois estados. A promessa é de que a construção da ferrovia consolide, a longo prazo, um corredor logístico capaz de reduzir distâncias e aliviar o bolso de quem paga para exportar produtos como soja e milho, tendo em vista que a estimativa é de recuo de 30% a 40% no preço do frete. O Instituto Socioambiental (ISA) diz que o projeto ainda precisa ser reavaliado. Já indígenas que seriam impactados pela construção querem ser ouvidos. Mariel Nakane, analista do ISA, afirma que o cenário atual "é uma oportunidade do governo de voltar atrás e melhorar o projeto, cumprindo com o seu dever de consultar os povos indígenas, de garantir a participação social adequada das pessoas que vão ser impactadas". "Enquanto não houver respeito, enquanto não houver diálogo, nem consulta para os povos indígenas, nós não podemos aceitar qualquer projeto", anuncia Alessandra Korap, liderança Munduruku. LEIA TAMBÉM: Acordos que Macron deve assinar podem gerar expectativa na preparação de Belém como sede da COP Conheça fábrica de chocolate ribeirinha que deve ser visitada pelo presidente da França Acordo bilateral entre França e Brasil deve ser firmado para projetos de desenvolvimento urbano Macron pretende negociar investimentos bilaterais e deverá explicar posição sobre acordo Mercosul-UE

FONTE: https://g1.globo.com/pa/para/noticia/2024/03/26/em-encontro-com-macron-e-lula-em-belem-cacique-raoni-pede-veto-a-proposta-da-ferrograo.ghtml


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